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Mulheres de proa.

  • Foto do escritor: Rodrigo Corrêa de Barros
    Rodrigo Corrêa de Barros
  • 1 de jun. de 2022
  • 3 min de leitura

Não cairei na armadilha piegas de começar esse artigo afirmando que as mulheres são preparadas pela natureza para conceber seus filhotes e, justo por isso, são mais equipadas, menos infantilizadas e mais persistentes.


O mundo corporativo tem obtido delas aquilo que a maioria de nós, homens, temos tido reais dificuldades em oferecer. Nosso passado laboral, repleto de agressões à mulher trabalhadora, nos empurra uma realidade contraditória: ao mesmo tempo em que as amamos, lhes sonegamos o sentimento de admiração profissional, provavelmente por compreendermos instintivamente que estamos em desvantagem na corrida pela liderança das corporações.


Não se trata de elaborar outro manifesto feminista embalado a vácuo. Mas sim, revelar de modo evidente que estamos lutando de maneira equivocada para manter nossos exclamados títulos de FOUDER, CFO, CEO ou Chairman...


Há, como nunca, uma inequívoca atmosfera feminina no mundo contemporâneo. E ela favorece naturalmente a quem tem sensibilidade para perceber os artifícios e estratagemas de uma era na qual os mercados nos obrigam a inovar a todo custo, (e na maioria das vezes, sem que se tenha o preparo para empreender o hercúleo desafio que é inovar obtendo sucesso).


O recente xeque mate mundial no modelo econômico usado para erigir startups, por exemplo, é prova cabal de que o homem de negócios da atualidade espera obter o resultado antes mesmo de trabalhar duro por ele, apenas munido - e acreditando cega e não raro, ingenuamente - naquilo que considera ser uma boa ideia.


Mas todo dia milhões de pessoas tem ótimas ideias para novos negócios! O que precisamos reverberar de modo cristalino é que fazer nascer a ideia representa apenas 1% do negócio em si. Estruturar seu funcionamento equivale aos outros 99%.


E as jovens trabalhadoras são especialistas nisso.


Netflix e Uber, por exemplo, agora já sabem, pois reviram seu quadro de comando para acomodar mais equipes de jovens líderes mulheres, cuja filosofia de gestão busca a sustentabilidade econômica antes de premiar individualmente aos executivos, torrar fortunas com campanhas de marketing fora do tempo ou conceber estratégias caríssimas e mirabolantes de penetração mercadológica.


Fato é que a mulher dessa nova geração não coloca apenas a administração do lar em ordem. Fica cada vez mais evidente que, com o mesmo talento e sensos de disciplina e realidade, estão também aprumando instituições que faturam bilhões, criando estratégias tão inovadoras quanto sólidas, num universo corporativo, não raro, iludido por utopias.


O colapso do modelo masculinizado, consolidado desde a revolução industrial, é inevitável. Aos homens resta rever seu propósito diante da cada vez mais presente influência feminina na liderança, em todas as áreas relevantes da sociedade.


Dia virá no qual a humanidade irá se deparar com a saturação do modelo econômico adotado pelas nações industrializadas. Nesse tempo, teremos muita gente no planeta, poucos recursos disponíveis e uma ferrenha disputa por espaço, por dinheiro, por acesso ao que hoje é básico e pela mínima garantia de subsistência.


E ouso afirmar que essas mulheres de vanguarda são as únicas que enxergam esse cenário com a racionalidade, a capacidade real de inovação e a firmeza necessárias para começar a mudá-lo desde agora. (As de vanguarda, digo, pois há ainda em ação uma geração em cargos relevantes de importantes companhias, cuja visão é integralmente rígida e machista).


Quando comecei, o marketing era um universo predominantemente masculino. E ostentávamos o falso status de geniais criadores, de hábeis estrategistas, quase como bruxos ou alquimistas... Um flagrante exagero!


Hoje, as “marqueteiras” trabalham duro para demolir essa imagem cafona. Estão mais interessadas nos resultados do que nos aspectos de posição social que essa profissão possa vir a oferecer. Há, portanto, no modelo de atuação das executivas com as quais convivo, um elemento cultural de contraponto, que subjuga facilmente o modelo tradicional. A busca por resultados implica em, sobretudo, dominar aspectos racionais que são, em sua essência, fatores determinantes para consolidar uma personalidade profissional firme, criativa e de objetivos vítreos.


Aquele marqueteiro tradicional, de gravatas coloridas e grifadas vestes, frases feitas, trocadilhos decorados e que se desdobrava para valorizar as expressões em inglês (mimetizando o Olivetto) está praticamente extinto.


No lugar desse dino-pavão, surgiram profissionais livres de afetação, na maioria mulheres cuja vaidade se detém no visual sempre discreto.

De mangas arregaçadas ou calçando scarpin, elas são capazes de gerar instruções incrivelmente assertivas e são, em sua maioria, exemplos de boa mistura entre força criativa e senso de mercado, leveza humana e bom gosto cultural, capacidade somada de realização e de gestão. Estão em relevo, em suas atitudes, a determinação e o pragmatismo dosado daqueles que sabem o que desejam.


E a mulher contemporânea já deixou claro que quer seu lugar por direito.

 
 
 

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