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Fundo branco
Foto do escritorRodrigo Corrêa de Barros

O mafioso mercado da bola pode mudar...

Se há algo certo no mundo dos negócios é a máxima de que só investe no mercado brasileiro do futebol os ingênuos e aqueles que podem modificar suas regras e tirar partido da desonestidade que o envolve.


A falcatrua generalizada há muito converteu o esporte das massas em máfia cooperada, na qual os mais fortes se beneficiam dos resultados comprados, das escalações manipuladas, das encenações do VAR (sempre duvidosas) e dos interesses ambíguos dos cartolas, figuras detestáveis!


O volume de investimentos que move o mercado da bola em nosso país ultrapassou, em 2021, os 4,86 bilhões de reais - ficando abaixo dos 5,63 bilhões de reais movimentados em 2020.


É um volume contrastante, se considerados aspectos como a crise de endividamento pela qual passam 90% dos times.


Porém, segundo estudos realizados pela equipe da FGV em 2019, esse não é, nem de longe, o teto possível para o faturamento de transferências de jogadores, patrocínios, vendas de produtos relacionados e na tão sonhada taxa de valoração usadas pelas emissoras de televisão para pagar royalties aos clubes.


O futebol brasileiro pode ser um negócio inúmeras vezes maior do que é, se administrado de forma transparente e confiável. Há inúmeros patrocinadores globais e fortes no mercado nacional, que só não investem na categoria por entender que unir sua imagem aos desmandos do esporte é prejudicial à marca e depreciativo para o bom nome.


Ronaldo, o Fenômeno dos gols improváveis e agora dos negócios, terá o mérito de ser o primeiro a compreender que a dinâmica que envolve o Campeonato Brasileiro é, ainda, bastante atrofiada e seu investimento no Cruzeiro deve ser precedido pela negociação de outros escudos valiosos.


Mas Ronaldo e seu plantel executivo ainda são reféns do modelo padrão brasileiro que pode por a risco seu patrimônio pessoal, inclusive. Não há, hoje, compromisso com a verdade no meio futebolístico e um time como o Cruzeiro terá que jogar 150% a mais para levantar uma taça que valha o trabalho de por o escrete em campo.


Para não cair em uma cilada, Ronaldo terá que torcer – ou fazer força - para que todos os outros times brasileiros (players de um negócio muito maior) sejam também negociados por grupos de investimento interessados na moralização do esporte, no saneamento dos hábitos dos cartolas quanto a gestão financeira e no desenvolvimento de estratégias de marketing para fidelizar o torcedor e reconquistar mercado consumidor.


A entrada no Brasil dos clubes de apostas de grande expressão revela que a mesma engenharia de negócios utilizada na Europa e nos Estados Unidos funcionaria por aqui, catapultando o negócio com vigor e libertando o futebol brasileiro do covil que é a CBF, para onde o grosso do lucro é apontado.


No Cruzeiro, como deve ser em uma empresa convencional, os gastos exorbitantes foram cortados, grandes salários repensados e demais despesas detalhadas. A busca por receitas dá o tom, com os craques da casa sendo tratados como peças fundamentais de um processo decisivo e que deve ser lucrativo e transparente ao máximo, tanto quanto ao máximo devem render seus jogadores no gramado.


Futebol bom é aquele que ganha títulos.


Essa análise é a razão pela qual Neymar sobrevive mesmo sem produzir bem. Trata-se de um funcionário do Paris Saint Germain que tem milhares de seguidores em suas redes sociais e que atrai para si – sabe-se lá o motivo – uma aura de jovem craque, sucessor de gente com o pedigree de Zico, Pelé ou Maradona.


Fato é que tê-lo em campo significa lucro certo e ao tesoureiro do clube francês, é o que importa.


Se nosso esporte sairá dos tempos dos “Castores de Andrade” para a modernidade, com títulos sendo decididos apenas dentro de campo, não sabemos ainda. Mas dados do mesmo estudo da FGV apontam ser possível dobrar a receita do esporte nacional apenas conferindo a ele credibilidade, hoje substituída pela sem-vergonhice.


Reflexo de um mercado mafioso, a seleção brasileira joga um futebol opaco, com pequenas chances de um novo título mundial, contando com uma equipe antifuncional e boçal, testada apenas contra concorrentes inexpressivos e com um diretor que ignora benchmarks.


É a fotografia de um esporte que não conhece sua importância, seja como paixão seja como negócio.

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