O modelo econômico brasileiro – se é que há um modelo definido – nos tem tirado o fôlego desde a posse do atual presidente, que com sua política econômica “liberal”, virou as costas para os mercados, acreditando bastar a mão invisível para que se autorregulem.
Sem estímulos objetivos para promover um crescimento concreto e homogêneo, o país se desenvolve de modo desbalanceado, com alguns segmentos caminhando melhor que outros, quebrando ao meio o conceito estratégico contemporâneo de que é preciso crescer em bloco.
Seja como for (e fora o agronegócio), os setores que ainda crescem vivem expectativa de terem atingido a saturação em seus mercados, assombrados pela desaceleração dos negócios de vulto, pela acentuada perda de renda, pela fome e miséria crescentes e pela instabilidade nos índices de geração de empregos formais.
Além disso, a economia virtual nacional demonstra fragilidades diante do desequilíbrio e da instabilidade econômica, e se revela o que sempre foi: uma aposta de risco elevado, cujos negócios dependem de uma postura hiperotimista, difícil de se manter no cenário atual.
Mas crescem as fintechs, especialmente aquelas com o apelo de fazer migrar o investimento dos bancos tradicionais para plataformas menos burocráticas e mais rentáveis, com enfoque no desenvolvimento do patrimônio e na proteção desse mesmo patrimônio da corrosão inflacionária.
Crescem também as construtoras de nicho, que com lançamentos amparados por pesquisas de demanda, são opção de moradia moderna, de investimento rentável e de blindagem patrimonial.
A indústria de base parece dar sinais de que tem as vidas de um gato e ensaia um crescimento que, embora acanhado, parece ser contínuo.
O setor de serviços, amparado pela retomada ainda tímida no ritmo de negócios em escala regional se projeta, dando sinal inequívoco de que há bilhões em faturamento esperando por modelos de negócio que consigam atender ao que o cliente (desamparado pela desconexão gerada pela crise sanitária), espera dos prestadores de serviços mais bem desenvolvidos.
De um modo geral, há no planeta Brasil uma expectativa bastante difundida de que, após as eleições, possamos ter clima para acelerar a caminho da recuperação de índices econômicos mais estáveis, tanto quanto sustentáveis.
O que se tem de certo é que precisamos de um modelo diferente do empregado desde os anos 2000 e que, possivelmente, a troca de mandatário afete pouco o cerne estrutural da economia nacional, com indicadores como dólar, Bolsa e risco-país refletindo claramente a perda de diretrizes sólidas e a falta e projetos econômicos inovadores.
O descolamento da previsão inflacionária em relação à meta para 2022 já encosta em 70%; no pior momento em 2016, ainda na gestão Dilma, foi a 33%.
O Estado, que o Ministro Paulo Guedes afirma, deve ter pouca ou nenhuma influência na economia tem nela interferido diretamente e de modo equivocado, através de paliativos, ao custo de bilhões: é como tentar fechar o corte de uma cirurgia torácica com band-aids.
A falta de previsibilidade econômica introduz na alma brasileira a impressão de que já há caos. E a progressão de seus efeitos faz com que cada vez menos segmentos se beneficiem, gerando insegurança, inércia, descompasso e pensamentos obscuros.
Os mais arrojados buscam por novos negócios de nichos ou inovações. Os mais tradicionais, reveem seus planos de voo para um crescimento de médio ou longo prazo.
Crises não favorecem ninguém, de modo geral. Há quem cresça na crise, claro! Mas são exceções à regra.
O que se precisa para um país desenvolver-se de modo sustentável, é crescimento global.
Todos os setores em franca produção, tornando inextinguível os tecidos econômico e social.
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