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Fundo branco
Foto do escritorRodrigo Corrêa de Barros

A Inteligência Artificial será sua inimiga?

A trajetória do trabalhador é marcada por desenlaces, altos obstáculos, muito trabalho insalubre e dedicação suprema. O ambiente de negócios, não raro, é corrosivo, desconfortável, cansativo e altamente competitivo.


São características presentes em todas as nações, nas quais há grande pressão social por resultados e a necessidade premente de se “fabricar” ferramentas de gestão que elevem a capacidade laboral, que impactem positivamente na produção interna e que se tornem cada vez mais assertivas diante da necessidade de se produzir mais, para mais humanos.


Nesse cenário complexo por si, surge a inteligência artificial num horizonte cada vez mais próximo, ampliando o medo da classe trabalhadora pela substituição e consequente diminuição da importância dos homens diante de robôs que não erram nunca!


Mas a inteligência artificial faz parte de um pacote de soluções tecnológicas que já nos acompanha no cotidiano e é a base de inúmeros processos que nem percebemos e já adotamos como naturais, tal como sermos reconhecidos por uma câmera, na catraca dos prédios comerciais.


Há, de fato, uma substituição de empregos pelas soluções tecnológicas a tal modo que se você tiver hoje uma eventualidade com seu carro e precisar pegar um ônibus, pagando em dinheiro, correrá o risco de não conseguir tomá-lo, uma vez que o pagamento é inteiramente automatizado.

A corrente mais extremista aponta a perda, mundo afora, de centenas de milhares de postos de trabalho até 2030, em todos os segmentos de atuação. Esse texto, por exemplo, pode ter sido gerado pela IA sem que você perceba mudanças no estilo, na forma de composição ou no conteúdo do articulista.


Mas, até o momento, o que se percebe é que a introdução de algoritmos que “aprendem sozinhos” tem feito mais bem do que mal, tornando a vida mais prática, menos desgastante e, fundamentalmente, mais leve.


O efeito colateral desse processo, a ansiedade, é que tem preocupado a ciência.


O pensamento de ruína, segundo a OMS, atinge mais de 34% dos trabalhadores nas américas, em todos os postos de trabalho. De médicos a varredores de rua.


Não há hierarquia quando a agonia nos toma de assalto.


Mas, ao nos sentirmos ameaçados (e não se trata aqui de apenas sair da zona de conforto) deixamos de observar que a inteligência artificial pode ter grande valia, substituindo a mão de obra humana em tarefas de alto risco, elevado stress ou volume de trabalho desproporcional, deixando livres os homens para se dedicarem a novas carreiras, novo aprendizado ou ao lazer, que não à toa nos atrai cada vez mais.


Ao analisarmos como vivemos de fato, vamos concluir que a maioria de nós trabalha oito horas, dorme oito horas e grande parte das oito horas restantes usamos para nos entreter, para atenuar a pressão exercida pelo dia a dia ou para oferecer qualidade de vida aos nossos filhos, igualmente ocupados ao extremo.


Nunca o ócio criativo foi ferramenta tão necessária. Domenico de Masi tinha compreensão, há vinte e três anos, que o cérebro humano trabalha por ciclos e que um desses ciclos precisa de descanso geral. A máquina tem que se desligar do convencional.


Talvez a aplicação da Inteligência artificial seja mais benéfica do que imaginamos, permitindo que façamos uma análise profunda e necessária da importância do homem contemporâneo no planeta.


Desde a Revolução Agrícola somos prisioneiros do modelo brutal que criamos.


Nossa presença nessa nave solta no universo está relacionada, acima da metafísica, em fazermos valer o fato de que a vida parece mesmo ser uma só e que, passar a maior parte dela enfurnados em um escritório enfadonho ou em uma mina de carvão é condenar o homem a um destino irracional e a uma vida sem valor real.


Pouco provável que percamos o comando dessa ferramenta. Muito provável é que a comandemos, no sentido de devolver ao homem aquilo que, uma vez tirado dele o adoece: a liberdade.


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